As nossas motivações estão ligadas às nossas necessidades. A Psicologia Educacional nos diz que a maior de todas as motivações humanas é o desejo de felicidade. E para que possamos atingi-la, criamos outras motivações que se desdobram resumidamente em três ramificações: desejo de saúde; desejo de riqueza; e, desejo de sucesso.
As motivações estão sempre atreladas à satisfação das necessidades naturais. O desejo de saúde, por exemplo, é para satisfação da fome, sede, abrigo, etc. Já os desejos de riqueza e sucesso, nos remetem à realização de sonhos, independência, aprovação social (status), aceitação pública (segurança emocional), etc.
O conhecimento das motivações e necessidades humanas dão condições para compreensão do comportamento humano, assim como para aplicação de processos orientados para gerar mudanças desse comportamento. Nas mãos de vigaristas, isso é uma arma de manipulação perigosíssima.
O termo vigarista é sinônimo de embusteiro, que significa, entre outras coisas, aquele que usa de mentira artificiosa; impostor.
Para ir direto ao ponto, e digo isto com temor no coração, não são poucos os impostores que têm se apropriados do púlpito das igrejas. E, não é difícil discernir que são impostores. O Senhor Deus, por meio do seu Espírito, através de Pedro, nos deixou preciosos ensinamentos que estão escritos na Segunda Carta desse apóstolo. Uma das coisas que deve fazer alguém que se aproxima de um púlpito tremer é “que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana” [2Pe 1.20,21]. Cristo diz a respeito de uma das missões do Espírito Santo como Consolador: “o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo” [Jo 16.13]. Jesus fala sobre o Espírito da verdade. Ninguém que julga dizer a verdade deve se atrever falar alguma coisa de si mesmo. Logo, devemos tomar muito cuidado com essa moda de seguir evangelhos denominacionais, ardilosamente chamados de visões do evangelho; reconhecidos como regras de fé e prática das Escrituras de acordo com a visão de fulano, beltrano e cicrano. Paulo, cheio do Espírito, expressa um desabafo que deve ecoar nos nossos dias e fazer o nosso coração vibrar: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.” [Gl 1.6,9].
Retornando para II Pedro, o apóstolo inicia o capítulo dois dizendo: “Assim como no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras [2.1] (fábulas engenhosamente inventadas [1.16], pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.” [Ef 4.14]).
Pedro termina a sua Segunda Carta, além de nos deixar instruções sobre o dever de esperarmos o Senhor, sobre vivermos vida reta, dizendo: “o nosso irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” [3.15-18].
Amado em Cristo, depois de entender o que disse o Senhor Jesus em Mt 6.33, “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”, e perceber a coerência das referências acima, não permita que lhe conduzam ao erro pela prática de uma religião completamente divorciada dos propósitos e decretos eternos de Deus. Religião essa, propagada ora por promessas, ora por declarações positivas de riquezas e de sucesso, cuja origem é o próprio coração humano, tendo como base as necessidades e motivações criadas pela mentalidade coletiva oriunda de uma cosmovisão mundana que se alastra como câncer dentro de algumas igrejas no meio evangélico. Isso sem contar os impulsos inerentes a nossa natureza, que na grande maioria dos casos devem ser dominados.
Nós perdemos muito quando deixamos a pirâmide de Maslow se tornar uma espécie de centro nas pregações, sobretudo, quando criamos e adoramos imagens mentais de um Jesus que “se manifesta” como se fosse nosso empregado. Afinal, nós cumprimos todos os seus princípios e, Ele, pressionado por tanta retidão da nossa parte, não pode faltar.
Não se deixe enganar! Deus não se agrada de nos achar confiados na suposta capacidade de cumprir princípios. Embora sejamos impelidos a isso, o que Ele realmente deseja é que sejamos honestos e completamente dependentes da sua graça, pois somente em Cristo tais princípios são cumpridos. Então, devemos fugir da hipocrisia e repensar a nossa condição humana antes de “pressioná-lo” com as nossas exigências infantis. Nas palavras de Jesus: “Porventura, terá de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado? Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.” [Lc 17.9,10]. O Senhor requer que sejamos filhos-servos humildes, completamente dependentes dEle. O texto deixa claro que Jesus tenciona nos ensinar uma saudável, espiritual e humilde maneira de pensar e agir.
O Senhor conhece e supre todas as nossas legítimas necessidades (de acordo com os seus propósitos) e nos ensina que devemos andar motivados sim, mas pelo seu reino.
Ao Cristo bíblico, ao Soberano Senhor, seja dada toda honra, glória e louvor!
No amor dEle,
Pr. André Cabral